Histórico geral

Histórico geral

No início deste século apareceu a primeira mutação que deu origem à canaricultura visando a cor dos canários. Na Holanda, em um criadouro de canários de canto clássico, do acasalamento de pássaros verdes surgiram canários mutantes, hoje classificados como Ágatas. A característica principal desta mutação é o bloqueio ao depósito de melaninas no início do crescimento das penas e plumas (diluição dos pigmentos negro e canela). A prole consistia somente de fêmeas. Através de acasalamentos consangüíneos, a mutação foi fixada, dando origem a uma nova cor e ao início de uma série de mutações.

O fator que produziu o ágata, conhecido também como primeiro fator de diluição, foi aplicado à mutação canela e, os machos verdes obtidos desse acasalamento, produziram os primeiros marrons diluídos, denominados isabelinos. "

Dos acasalamentos entre pássaros de fator vermelho surgiram algumas fêmeas esbranquiçadas com zonas de lipocromo idênticas às observadas na fêmea do Tarim. No final dos anos quarenta, surgiram os mosaicos, hoje bastante aperfeiçoados. A princípio, parecia não ser possível obter machos mosaicos, mas com o passar do tempo essa teoria foi abandonada, pois machos com características bem diferentes dos nevados começaram a aparecer. Através de seleção e da introdução de pássaros Gloster (um dos tipos de canários mais populares) pelos italianos nos plantéis de mosaicos, obteve-se um novo tipo de mosaico, onde o macho e a fêmea apresentam [b]dimorfismo típico.[/b]

Já na década de cinqüenta, três novas mutações apareceram: o marfim, o pastel e o opalino.

A mutação marfim surgiu de um casal de amarelos de canto clássico, no começo da década. A mutação ocorreu em uma fêmea, que possuía um amarelo muito suave, contrastante com a cor dos pais e irmãos, apresentando uma uniformidade de coloração perfeita. A utilização de acasalamentos consangüíneos permitiu fixar a mutação e classificá-la como recessiva e [b]sexo-ligada.[/b]

Em 1957, na Itália, foram apresentados os primeiros pastéis melânicos. Esta mutação é também conhecido como segundo fator de diluição, pois sua ação é mais intensa sobre as [b]feomelaninas e faz praticamente desaparecer o desenho dos arrons deixando, porém, leves traços nos canários canelas. A mutação foi transferida para os negro-marrons e nestes notou-se também a ação do fator sobre as melaninas negras.[/b]

No ano seguinte, em Nuremberg, Alemanha, um dos filhotes de um casal de canários verdes de canto clássico se diferenciava bastante dos demais. Ao invés de apresentar as melaninas fortemente oxidadas, seus pigmentos melânicos estavam diluídos de tal modo que o negro ficara com uma tonalidade cinza azulada e o marrom praticamente desaparecia da plumagem. Os pés e bico, porém, continuavam escuros, aparentemente sem sofrer a ação do novo fator de diluição. Por analogia da plumagem com a perda preciosa, esses canários foram denominados opalas e, posteriormente, opalinos. Esta mutação é recessiva em relação ao seu original e se localiza em um autossomo.

Por volta de 1964, em Bruxelas, Bélgica surgiu uma nova mutação cujo [b] fenótipo podia ser facilmente confundido com um lipocrômico vermelho ou um pastel isabelino, mas que possuía uma subplumagem bege pálido e olhos vermelhos brilhantes, cuja cor não se alterou com o desenvolvimento do pássaro. Esse fator recebeu a denominação "Ino". Localiza-se em um autossomo, é recessivo e inibe totalmente as melaninas negras, permitindo apenas o depósito das melaninas marrons periféricas.[/b]

O fator Ino provoca o desaparecimento das eumelaninas negras e marrons da plumagem, mas não da subplumagem (não aparente no canário). A única melanina exibida na plumagem externa e de contorno destes canários é a feomelanina, que deve se apresentar o mais forte possível (marrom chocolate). Nos canários melânicos, a melhor manifestação do fator Ino é observada nos pássaros oxidados (em particular os canelas) onde o fator é denominado "Feo-ino"[HUR96].

Também na década de 60 surgiu uma nova mutação, o fator acetinado ou ino sexo-ligado". Apareceu na Argentina, em 1967 e na França, em 1969. Os pássaros possuíam olhos vermelhos. Contudo, a distribuição das melaninas diferenciava-os dos inos autossomais. Ao contrário dos feo-ino, as melaninas periféricas eram inibidas e somente a melanina marrom aparecia no lugar correspondente às [b] estrias, bastante diluída. Havia porém pássaros que se assemelhavam aos lipocrômicos.[/b]

Os pássaros de origem marrom que apresentam marcação nítida nas estrias são denominados "acetinados típicos", enquanto que os de origem negro marrom, se apresentam praticamente como lipocrômicos e são denominados "acetinados diluídos". Sendo um fator sexo-ligado e devido à maior facilidade de manuseio, hoje, quase todos os lipocrômicos de olhos vermelhos são de origem acetinada.

Uma modificação estrutural das células exteriores das penas resultou em uma mutação denominada "Fator Ótico para o Azul". A luminosidade produzida pelo espectro solar, decomposta em radiações, origina várias nuances de cor, que podem ser observadas num mesmo canário em diferentes períodos do dia, ou seja, cores mais amenas de manhã e mais fortes ao entardecer. A plenitude da pureza da cor se observa ao meio-dia. Esse fator transmite o efeito ótico que dá à cor amarela um tom esverdeado, daí a denominação Amarelo Limão.

Os canários Asas-Cinza tiveram origem na Itália, em 1966. Esta mutação é, na verdade, uma variante do fator pastel e se manifesta principalmente nos negro-marrons oxidados. Estes pássaros possuem uma pigmentação bastante diluída na parte média das grandes penas da asa e de cauda, contrastando com as extremidades onde a melanina negra persiste. A tonalidade acinzentada, típica do negro marrom pastel, deve atuar em toda a plumagem.

A mutação topázio aconteceu na França, na década de 80, sendo oficializada em 1993 na Europa e em 1994 no Hemisfério Sul. A alteração surgiu do fator ino e os pássaros que apresentaram-na possuíam melaninas sempre marrons no local das estrias, olhos vermelhos escuros e bandas despigmentadas dos dois lados das penas, o que acabou dando origem ao seu nome. Os canários topázio são perfeitamente definidos nos negro marrons, tanto oxidados como diluídos (ágatas), onde a mutação se expressa.

A última mutação de que se tem notícia ocorreu em 1986, na Espanha. O fator "Ônix" se originou do acasalamento entre canários clássico[b]homizigoto verde intenso e o canário azul. Como o fator eumo, o fator ônix também foi classificado como recessivo autossomal.[/b]

A ordem, data e local onde as mutações apareceram pela primeira vez não são precisas e podem não ser totalmente verdadeiras. Isso porque há inúmeros criadores espalhados por todo o mundo e somente aqueles que observam para reconhecer uma mutação quando ela aparece é que têm condições de fixá-la através de acasalamentos corretos. Também não é raro detectar uma modificação na cor de um pássaro e não conseguir reproduzi-la, fazendo com que aparentemente ela seja perdida. O que se tentou fazer aqui foi relacionar todas as mutações conhecidas atualmente, ou pelo menos as principais, colocando-as numa ordem razoável e dando algumas poucas características de cada uma.